Usando o FLASH DEDICADO, parte 1: Retratos!

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Com a proximidade da oficina OS SEGREDOS DO FLASH DEDICADO (saiba mais aqui), resolvi escrever uma série de artigos que descrevem sutilezas do uso do flash em diversos tipos de fotografias. Pra começar, RETRATOS!

A magia do retrato

Muito se diz sobre a mágica em retratar pessoas e a dificuldade em capturar as essências do indivíduo. É verdade, não é nada fácil fotografar gente de forma sublime e honesta. Não estou falando de simples retratos, mas sim da foto que captura aquela expressão, aquele olhar ou sorriso nada forçado, aquele brilho nos olhos capazes de contar a história de toda uma vida ou o prazer intenso de um momento. Assim é é fotografia de retratos, e pode acreditar: um bom resultado não é nada fácil e nem corriqueiro.

Um dos fatores do sucesso é a iluminação. E como o assunto é flash dedicado, vamos falar um pouco sobre o seu uso neste tipo de foto. Alguns detalhes importantes precisam ser observados...

Área de conforto

Pode soar óbvio, mas é realmente preciso que a pessoa retratada esteja confortável. E como isso acontecerá se sobre ela há uma câmera grande, com um flash grande, e à sua volta um monte de acessórios de iluminação, como sombrinhas, pedestais e soft-boxes? O próprio flash, com aquela luz forte, já é um ítem bastante intrusivo. E pra piorar, ainda há um fotógrafo que não para de falar, tentando dirigir a cena: "Faz isso, faz aquilo".

Então, a dica é manter as coisas simples. Mantenha distâncias confortáveis entre você e a pessoa. Um "set" reduzido também ajuda. Com a diminuição da "pressão" do equipamento em volta a pessoa tende a ficar mais relaxada e natural, e a chance de melhores fotos aumenta. Faça com que ela não dê atenção à presença das luzes artificiais. Considere um raio 2m a 2.5m em torno do modelo como os seus limites de aproximação. Essa é a "área de conforto" dela. Além do mais, luzes mais distantes produzem sombras mais suaves, e isso é bom... não é?!?

Suavidade ou dureza?

O que representa aquele retrato, naquele contexto, para aquela pessoa? Será preciso dar mais dramaticidade ou mais romantismo na imagem? Mais expressão ou mais sutileza? A escolha das luzes será fundamental para que o resultado seja alcançado, pois a simples presença de certas sombras já pode mudar completamente o sentido da foto.

Então, use acessórios modificadores de luz de acordo com o tipo de resultado que pretende. Soft-boxes, brollies, difusores e sombrinhas brancas suavizam e espalham bastante a luz, trazendo mais "maciez" e "tranquilidade" à cena. Sombrinhas prateadas, refletores, snoots e colméias tendem a endurecer mais as luzes e torná-la mais direcional, aumentando o nível de sombras, contrastes e drama. Ou seja, com as luzes nada é absolutamente "certo ou errado", "bom ou ruim", depende do propósito. Use as luzes para atingir o objetivo!

O cenário

Precisa de profundidade de campo maior ou menor? O cenário é relevante na cena ou precisa ser "desmontado"? Pois saiba que o uso do flash continua permitindo o pleno domínio da profundidade de campo. Engana-se quem pensa que aberturas muito grandes (diafragmas abertos) não possam ser utilizadas com a luz intensa dos flashes. O mesmo acontece com sensibilidade ISO alta.

Muitas combinações aparentemente "proibidas" podem ser feitas com o flash sem problemas, e com vantagens! Em certos casos, até mesmo o uso de filtros ND pode ser feito para aumentar o tempo de exposição e captar luzes baixas do ambiente, para serem combinadas com a luz do flash.

"Cases" reais comentados

Selecionei alguns exemplos destas dicas, que estão presentes nas fotos abaixo. São "cases" reais de trabalhos executados por mim, onde o uso do flash foi crucial. Veremos isso e muito mais na oficina OS SEGREDOS DO FLASH DEDICADO, que acontece entre 27 e 31 de outubro de 2016, em Teresópolis/RJ. Saiba mais sobre a oficina aqui.

Então, vamos às dicas do mundo real!!!



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Exemplo do uso de flash somado ao diafragma para criar um fundo mais interessante. A luz difusa veio de um brolly posicionado acima de mim.
(Modelo: Amanda Peccin)


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Outro exemplo da dobradinha flash + diafragma. A luz difusa veio do mesmo brolly da foto anterior, mas posicionado mais distante e um pouco à direita.
(Modelo: Amanda Peccin)


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Luz bastante direcional simulando um "snoot. Usei um tecido escuro enrolado como um tubo no flash, posicionado à curta distância. Usei o diafragma bastante fechado para cancelar as luzes do ambiente e provocar muito contraste. A luz suavizada veio de um difusor na frente do flash, além das dobras do tecido.
(Modelo: Larissa Oliveira)


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Na produção desta imagem promocional da Banda Falange usei um softbox médio posicionado à direita, suavizando bastante a luz e mesclando com o ambiente.
(Modelos: Banda Falange (primeira formação) - Guinho Tavares, Arthur de Palla e Rômulo Bittencourt)


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Este efeito curioso foi gerado por um flash em alta potência posicionado às costas do modelo, virado para um fundo branco. As paredes metálicas do recinto vazaram luz pra todo lado.
(Modelo: Arthur de Palla)


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Aqui foi utilizado o mesmo recurso e ambiente da foto anterior, mas o flash foi configurado para uma potência menor, e o diafragma ficou mais fechado.
(Modelos: Banda Falange (primeira formação) - Arthur de Palla, Rômulo Bittencourt e Guinho Tavares)


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Para criar essa luz que remete à "reflexão e atitude", usei um softbox médio à direita, com flash em potência média, misturando-se à luz natural mas trazendo áreas de contraste ao modelo.
(Modelo: Guinho Tavares)


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Essa foi difícil. Um flash foi posiconado à esquerda, sobre uma estante, a 3 metros, com potência muito reduzida para não "matar" a iluminação pitoresca do ambiente, que tinha ainda um espaço muito restrito. Os objetivos principais foram preservar as características "estranhas" do espaço e reforçar o sentido "underground" e espontâneo do momento. O ISO foi elevado para 3200.
(Modelos: Banda Falange / Guinho Tavares e Arthur de Palla)


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Um softbox médio foi posiconado próximo ao rosto, à esquerda, em baixa potência, e outro foi colocado à direita, com 1 ponto a menos na potência, mas virado para a parede apenas para que o fundo não ficasse muito escuro. O desafio maior foi evitar que a luz da direita gerasse sombras fortes da guitarra na parede. Para isso, trabalhei a distância entre o softbox e o instrumento.
(Modelo: Banda Falange / Guinho Tavares)


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Outro esquema com dois softboxes, com potências médias, posicionados em distâncias diferentes. O softbox da direita ficou mais próximo da parede.
(Modelos: Banda Falange (segunda formação) - Ralf Monteiro, Guinho Tavares e Rômulo Bittencourt)


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Aqui, um exempo curioso do uso de flash com longa-exposição. Dois difusores foram posicionadas ao lado dos modelos, enquanto assistentes com lanternas passavam entre eles. A exposição longa se misturou ao disparo dos flashes na 2a. cortina, a baixa potência. O ambiente (um gramado ao ar livre) era totalmente escuro e não tinha invasões de luz, permitindo o controle total da iluminação artificial.
(Modelos: Banda Falange (segunda formação) - Rômulo Bittencourt, Guinho Tavares e Ralf Monteiro)


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Outro exemplo de flash com longa-exposição. Um flash foi posicionado atrás e de mim, com um pequeno difusor. Atrás dos modelos um assistente girava palha de aço em chamas, criando o efeito pirotécnico. A exposição longa contou com o disparo do flash na 2a. cortina, ajudando bastante a eliminar "fantasmas" provocados pelo movimento dos modelos. Esse é um efeito clichê e bem basicão, mas o resultado ficou bom. Modelos: Banda Falange (segunda formação) - Ralf Monteiro, Guinho Tavares e Rômulo Bittencourt)


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Nesta imagem usei um flash com difusor posicionado distante, frontalmente, em potência baixa, para ser mesclado à luz ambiente. O céu estava nublado comluz excelente, bastante difusa, mas optei por iluminar o modelo para que ficasse mais isolado e destacado na cena, evidenciando os detalhes do seu uniforme.
(Modelo: João Pedro Firmeza / AVA Racing / Catálogo de produtos da Barbedo Sports)


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Um flash com difusor foi posicionado a 4 metros do modelo, à esquerda, bastante suavizado, apenas para compor a luz ambiente e retirar algumas sombras, destacando o modelo e as cores da roupa.
(Modelo: Henrique Avancini / Cannondale / AVA Racing / Catálogo de produtos da Barbedo Sports)


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Nesta foto usei um flash posicionado na câmera com um rebatedor, apenas para preencher as sombras do modelo e mesclar às luzes do ambiente. Usei uma potência baixa e diafragma bem aberto para desmontar o fundo.
(Modelo: Henrique Avancini / Cannondale / AVA Racing / Catálogo de produtos da Barbedo Sports)


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Aproveitei uma garagem escura de um prédio para fotografar o cantor Fernando Mello com uma luz dramática, em um estilo "noir" semi-suave. Usei um softbox como única fonte de luz, posicionado à sua direita, bem próximo ao rosto, com potência baixa. Um ISO alto foi usado para captar o vazamento de luz ao fundo, que ajudou a aumentar o caráter "underground" do ensaio.
(Modelo: Fernando Mello)


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Esta imagem, utilizada para a capa do DVD Avenidas do cantor Fernando Mello, foi feita com muito cuidado e sob uma direção de arte previamente estudada. Havia a necessidade de aproveitar a bela luz ambiente (Fábrica Behring, Rio de Janeiro), mas resolvi mesclá-la com uma luz bem suave de dois flashes em baixa potência vindos de difusores laterais, suficientes para e isolar o modelo e escurecer o fundo. O ISO baixo contribuiu para eliminar os detalhes do fundo. Para ver mais deste ensaio acesse este portfolio.
(Modelo: Fernando Mello)


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Esta imagem, também produzida na Fábrica Behring, seguiu um rumo diferente. Posicionei um flash com um difusor bem amplo atrás do modelo, próximo à janela da direita, e atrás da parede, próximo à sua cabeça. Usei a luz em potência mais alta para delinear os contornos do modelo, separando-o dos detalhes do ambiente.
(Modelo: Fernando Mello)


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A produção das imagens promocionais da Banda Versa seguiu um roteiro e set-up muito simples. Posicionei dois softboxes médios a distâncias e alturas diferentes (um deles no chão, apontado para cima) com flashes em baixa potência e diafragma muito aberto. Os flashes ficaram relativamente próximos aos modelos, à distância de 2 metros.
(Modelos: Banda Versa / Rogério Miranda, Weber Pacheco, Kadu Magalhães e Pedro Ramos)


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Esta foto seguiu o mesmo esquema da imagem anterior, mas com maior diferença entre as potências dos flashes. O flash da esquerda, posicionado um metro mais baixo que o outro, foi regulado para um ponto a menos.
(Modelos: Banda Versa / Weber Pacheco, Rogério Miranda, Pedro Ramos, Kadu Magalhães)


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