Making-of: Suba 100 2018 / Sta.Teresinha/BA

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Daniel Carneiro "Zóia" durante o primeiro dia do Suba100

Copyright © 2018 by Hudson Malta

No interior da Bahia, no Recôncavo, região de transição entre Mata Atlântica e Caatinga, há um lugar incrível. Lá, ilhas de pedras gigantes despontam nas planície vastas, dividindo a atenção com imponentes mandacarús em um visual fora do comum. Encravados entre as cidades de Castro Alves, Itatim e Sta.Teresinha, encontramos os Inselbergs (Ilhas de Pedra), formações monolíticas de gnaisse que se destacam na caatinga, impressionando com suas verticais abruptas e isolamento.

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Pelotão passando aos pés do Morro da Toca

Clique aqui e veja a galeria do primeiro dia!
Clique aqui e veja a galeria do segundo dia!

É neste cenário de sonho para qualquer apaixonado pela aventura off-road que acontece, anualmente, o Suba 100 - O Desafio dos Inselbergs, uma maratona de mountain bike que atravessa 100 milhas (160 km) no território dos gigantes de pedra baianos em dois dias de dura competição. Eu estive lá para fotografar este sonho, e sobrevivi para contar!!!

O evento

O Suba 100, organizado por Pietro Baddini, Robson Oliveira e Federação Baiana de Ciclismo, chega à sua 4ª edição em 2018 com 1.200 ciclistas participantes, andando para se tornar icônico entre as provas de resistência brasileiras. O evento aconteceu em 21 e 22 de abril/2018. O mais interessante é que há inúmeros propósitos nobres envolvidos: integração social com as comunidades, desenvolvimento dos recursos regionais, exploração turística consciente, promoção da proteção ambiental e, é claro, a prática do esporte.

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Congresso técnico antecedendo o primeiro dia de competição

Desde seu início a prova vem reforçando ao conexão com a população das cidades por onde passa, notoriamente aquela que é sua sede: Santa Teresinha. A arena do Suba 10, posicionada no coração da pequena cidade, concentra inúmeras atrações desde dias antes do evento, trazendo movimento e renda à população. Toda a comunidade participa ativamente, onde a experiência de troca entre a cidade e evento substitui a tradicional visão de exploração comercial unilateral. Isso é incrível!

A equipe

Em 2018 ano tive o prazer de trabalhar com um grupo de fotógrafos para facilitar o trabalho de captação de imagens. Afinal, são 160km para serem cobertos! Ao meu lado estiveram Clei Baldez, Thiancle Carvalho, Tatiana Cabral, Viviane Lopes, George Bitencourt e Alexandre Lustosa, além de Monica Arruda, responsável pelas postagens real-time nas redes sociais, e Tainá Martins, responsável pela nossa mídia. Cada um teve um foco diferente, definidos em briefings feito nas noites anteriores onde eram marcadas as suas posições, acertados seus transportes e outras coisas. Em meus textos de making-of sempre reforço a importancia dos briefiings, e de fato eles ajudam bastante para que as coisas corram bem. Nesta edição não poderia ser diferente, e os méritos deste pessoal devem ser devidamente aplaudidos!

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À esquerda, George Bitencourt em busca do melhor ângulo

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Este foi meu "Uber" durante o evento! Diversão total!!! (Foto de Viviane Lopes)

A movimentação da equipe é crucial, e foi garantida pelos Trilheiros da Tapera, grupo de motociclistas off-road que tem nos ajudado desde o início com seus conhecimentos profundos sobre as trilhas locais e a caatinga. Eu fiz questão de permanecer com mesmo motociclista que me acompanha desde o início (o "Tcheca"), pois já temos uma grande sintonia e entendimento sobre o que este trabalho precisa em termos de imagens. Procuro fazer sempre assim nos meus grandes eventos, pois não posso me preocupar ou perder tempo com detalhes alheios à fotografia. Rodamos por todo o percurso em um quadriciclo 4x4, também fundamental neste terreno.

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Os Trilheiros da Tapera, nossos anjos da guarda no trajeto

As imagens

Meu trabalho no Suba 100 é produzir imagens para serem utilizadas em ações de marketing nos pré e pós-evento, além de peças publicitárias importantes. Em 2019, por exemplo, produziremos um álbum fotográfico comemorativo aos 5 anos do Suba. Assim, tenho a preciosa liberdade criativa para registrar o que vejo de forma bastante pessoal e solta. Isso me encanta e motiva, pois além de estar na minha zona de conforto (terra, pedra, poeira, lama e visuais épicos), posso agir de forma 100% intensa.

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Não resisti e fiz uma selfie no verde inusitado que cobriu a caatinga!

Quanto aos fotógrafos parceiros, havia uma divisão em suas tarefas, pois alguns foram direcionados para captação de imagens dos ciclistas para distribuição nas redes sociais, privilegiando planos mais fechados e closes. Outros ficaram responsáveis pelas imagens nas arenas, captando a integração das pessoas com o espírito do evento. Esta divisão enriqueceu muito o resultado final, e mostrou que o trabalho de equipe bem realizado não tem concorrente!

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Vento na cara e atalhos no asfalto para pegar os ciclistas. Capacete? Ih, rapaz, ficou lá na arena...

O equipamento

Em 2018 procurei ter uma visão mais ampla, captando mais conexão entre ciclistas e paisagens. Por isso, usei bem mais as minhas grande-angulares. Também me posicionei mais distante com a teleobjetiva, com o intuito de ter mais cenário. Meu set foi este:

- Nikon D610
- Nikonk D800
- Nikkor 14-24 2.8
- Nikkor 24-70 2.8
- Nikkor 50mm 1.8
- Tanrom 70-200 2.8
- Sigma 15mm 2.8
- Flash Nikon SB-910 + Fujitsu Premium
- Filtros Canon Haze (70-200) e Hoya UV (24-70)

Não optei por um set leve, pois não queria perder oportunidades. Fica mais cansativo, porém não há limitações. Mas como no mountain bike raramente uso objetivas maiores que a 70-200, nem foi tão pesado assim.

Caatinga, um terreno realmente hostil

Pense em algo bruto. Assim é a caatinga. Transitar neste ambiente é um desafio à parte, imagine então fotografando a ação de um evento de aventura. Os espinhos do mandacarú são "dardos gigantes assassinos", as folhas da cansanção queimam e marcam a pele ao leve toque, a secura do ar desidrata em pouco tempo, as pedras no chão não dão trégua...!

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Os espetos "ingênuos" e "inocentes" do mandacarú, prontos para arruinar seu dia...

Além disso, uma das minhas maiores preocupações é com a poeira, por isso não posso usar equipamentos mais frágeis. As lentes e câmeras precisam ser seladas e robustas para aguentar o tranco, pois a coisa é feia mesmo. Mas nunca tive nenhum problema com isso, seja na poeira da caatinga ou na chuva de outras montanhas, então acho que fiz as escolhas certas.

Um kit de limpeza de lentes sempre à mão é imprescindível nestas situações, mas evito esfregar os vidros para não criar micro-arranhões. A bombinha de ar ("fuc-fuc") sempre é a escolha mais inteligente, a menos que haja alguma mancha de suor. Aí, não tem jeito: eu paro em um lugar mais limpo (ah, tá!)e removo as manchas com todo cuidado.

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A caatinga não é brinquedo. Todo cuidado é pouco...

Neste ano houve um período de chuva antes do evento, que renovou as cores da caatinga e trouxe o verde de volta. Todas as plantas espinhentas e urticantes continuavam lá, ainda mais fortes, disfarçadas pelo manto verde. Cuidado redobrado. Na sola das minhas botas de caminhada, as lembranças: dezenas de espinhos de mandacarú fincados na borracha dura, como se ela fosse feita de manteiga. Esse canto é para poucos mesmo. Mas pergunte aí se eu gostei? É só ver meu sorriso constante naquela imensidão, câmera na cara, bons diálogos com o Tcheca, feito pinto no lixo!

O resultado

Não posso dizer que sempre há satisfação plena quando vejo e analiso minha produção. Sofro de uma querida e necessária "síndrome da insatisfação qualitativa" (risos!) que me faz achar que o melhor só virá amanhã, e esse é o motor das minhas buscas. Me chamam de "perfeccionista", mas só sou bastante exigente comigo mesmo. Curti o resultado, ficou dentro do que planejei, mas espero ansiosamente pelas novas chances do próximo ano!

Sempre há espaço para melhorar e honrar cada vez mais locais ou iniciativas tão nobres e grandiosas como o Suba 100. É assim que a fotografia cresce e, como diz uma grande amiga fotógrafa e ex-aluna, "o mundo respira".

Finalizando...

Este ano foi épico, super-épico, mega-épico. Agradeço imensamente ao Pietro e ao Robson por confiarem mais uma vez no meu trabalho, e abro um enorme abraço para os novos amigos da equipe de fotografia, que dividiram este trampo comigo em 2018 com genialidade! Vocês foram precisos, ágeis e donos de personalidades visuais muito fortes. Aprendi muito. Vocês estão de parabéns, me sinto honrado por conhecê-los. Quero tê-los ao meu lado novamente em 2019! Agora, só nos resta aguardar pela próxima edição e produzir com o máximo carinho mais um livro que está chegando por aí...

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